POLISSÍNDETO DO INVERNO EM BRASÍLIA
É inverno
e manhãs são frias
e bichinhos aprendem a voar
e vento traz saudades insólitas
depois que ficamos sozinhos
e no céu ainda pipas
como crianças que brincam.
Dormimos até tarde
e fazemos poesia
e somos lembrados
como os blusões de lã
e ainda cheiro de comida quente
e best-seller quentíssimo
depois de espreguiçar a poltrona.
O charuto é lembrado
e cartas esperam respostas;
postais da catedral para quem?
e sem pressa, revemos fotos
enquanto formiguinhas vigiam o chá
e telhas úmidas carreiam neblina.
Há canções calmas
e sem sermos doentes
fingimos carência
e vemos avezinhas orvalhadas
e filmes de neves de natais estrangeiros;
pela casa, réplicas – acho – de Lautrec
e as peças de xadrez sem estrategistas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário